Situado no litoral norte de Santa Catarina, o apartamento encontra seu contexto frente à praia, em uma altura ainda muito próxima da orla. Essa forte conexão com a paisagem natural fundamenta as relações do projeto com o entorno, de maneira a, ora buscar a contemplação e a integração com o exterior, reforçando perspectivas e criando permanências, ora buscando o acolhimento e a privacidade de seus moradores. Isso faz com que o projeto busque um momento crepuscular, de transição entre a luz e a sombra, o sol e a lua, o perceptível e o misterioso.
A partir disso, trazem-se elementos materiais do meio natural ao meio habitado para criar certa domesticação da paisagem, buscando um estado de tranquilidade, reforçado pelo tato orgânico das pedras, madeiras e fibras. A luz projetada, cênica, passa a ter o papel de ampliar estas texturas, como a luz do sol poente sobre o balneário, buscando uma sedução do ato se aproximar, olhar, tocar e perceber o que dá forma ao lugar onde se vive. Entre os planos e formas iluminadas, as penumbras difundem o senso de estar neste espaço.
A separação entre os setores se torna flexível a partir das divisórias móveis, que buscam criar camadas de privacidade, mas com diferentes possibilidades de interação. Os espaços íntimos trazem a calma e a contemplação de um mar sereno, vivo e calmo. As passagens se tornam caminhos a serem trilhados, momentos transicionais do ir e do vir, com seus próprios valores.
O mobiliário, em momentos estimula o convívio e o estar juntos, e em outros se situam como objetos-arte, estabelecendo-se como parte integrante da vida do apartamento. Elas são pensadas a partir de uma pluralidade de materiais, cores e texturas, a provocar estímulo diversos. Algo tão sofisticado e plural como a própria vida que por ali se faz.